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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Vai tentar de novo ou o quê?

Essa semana, falei muito sobre términos. Falei muito sobre o que significava pra mim, perder alguém que eu costumava amar (ou que ainda amo, talvez, por que não?). Tive um pesadelo desses de acordar sentindo calafrios. Durante o dia, descansei. Passei mais de 6 horas na cama, deitada, encarando a tela quase assustadora do meu computador. Agora à noite, uma amiga entrou na mesma onda, começou a falar da importância do relacionamento e da necessidade do respeito pós-termino. Não consigo parar de pensar nisso. Um dia, acordei feliz, agradecida a qualquer entidade que estivesse disposta a ouvir, pelo enorme feriado que estava por vir. Tomei um banho gelado, coloquei um vestidinho de verão e saí da cama. Naquele dia, vi um cara me olhar nos olhos e prometer que ele ia fazer diferente. Prometer que não ia quebrar o meu coração ou desistir de mim, não sem lutar pelo que a gente vinha construindo (uma promessa impossível, mas que na hora, fez a minha alma derreter). Longos meses depois, o vi de pé, na minha frente, os olhos sérios e a expressão raivosa, antes de ir embora, ele fez questão de dizer "não posso ficar com você sem te amar". E tudo mudou. Olhei pra ele e vi alguém que eu não conhecia. Alguém que me assustava.
Como foi que um cara -O cara- que tinha passado meses do meu lado, meses dividindo alegrias, problemas, construindo memórias e caminhando juntinho de mim, podia ser o mesmo cara que hoje falava coisas só pra me magoar? Que agia como se o nosso relacionamento tivesse marcado presença em uma vida diferente dessa que ele vivia? Eu me sentia perdida. Meses de rotina jogados fora. 
Depois entrei na etapa de tentar apreciar o tempo juntos e rezar pra que o tempo separados passasse rápido. Rápido o suficiente pra apagá-lo da minha memória. Conheci outros caras. Um deles me fez feliz e me vi apaixonada. Não consegui me entregar completamente. Algo me dizia que o meu destino era outro. Que a minha direção apontava pro caminho errado. E então, na primeira curva, o reencontrei.
Depois de muito tempo. Reencontrei o meu primeiro amor. O primeiro cara que me fez feliz e que partiu o meu coração.
Fiquei com medo do ciclo natural que tudo costumava tomar. Senti medo de me entregar, mas me entreguei mesmo assim. Senti medo de me apaixonar, mas quando me dei conta, o amor já tinha tomado conta do meu coração e da minha cabeça. Eu pensava muito nele. Nos falávamos durante o dia inteiro, coisas bobas, idiotas, alheias ao que realmente acontecia ao nosso redor. Quando o assunto se esvaía, ele era doce o suficiente pra mandar "saudade de você", só pra que eu soubesse que o assunto podia ter morrido, mas que o sentimento continuava lá.
Viajamos juntos no fim de semana. Passamos dois dias sem mais ninguém numa casa vazia e, ao mesmo tempo, lotada de lembranças. Lembranças de nós dois. 
Entrei em pânico na manhã seguinte.
E se ele fosse igual aos outros? E se quando se cansasse, virasse um daqueles caras, caras que fingem não se importar? Que dão de ombros sempre que alguém fala o meu nome? E se ele me olhasse e dissesse "eu não te amo mais"? Me tornei fria, ausente. Fiquei com tanto medo que decidi que, nesse relacionamento, eu me tornaria a pessoa mais forte, a que amaria menos. A que se entregaria pela metade.
Então ele fez o impensável.
Brigamos numa noite fria no meio da semana. Fui me deitar com a cabeça a mil e o coração a zero. Três da manhã... O telefone toca. Era ele. 
- Te acordei?
- São três da manhã...
- Então volta a dormir, não queria te atrapalhar.
- O que houve?
- Não consigo dormir.
- Por que?
- Tô me sentindo como um adolescente, fico mal sabendo que você tá irritada comigo. Não consigo dormir bem assim. - Meu coração voltou a bater numa velocidade que parecia totalmente não-humana.
- Não pensa nisso agora, fica bem, amanhã as coisas vão melhorar.
- Você sabe como eu sou... Você nunca tinha falado assim comigo.
Ficamos no telefone por mais algum tempo, desligamos e continuamos trocando mensagens. Disse pra ele que era louca por ele. Ele disse que era louco por mim, que sempre tinha sido louco por mim.
Foi aí que senti tudo me alcançar, algo como a sensação de uma onda gelada no calor intenso do verão. Eu não queria ser a que amava menos. Não queria ser a que me entregava pela metade. Não queria ser a menina magoada pra sempre. Não queria ser a mais forte... Eu queria ser a mais feliz. 
Eu sei que, às vezes, levantar-se de uma rasteira dada por alguém que importava muito, parece impossível, mas não é. Sei que a gente pensa em desistir do amor, que a gente pensa em dar as costas pro romance... Mas o amor é uma armadilha sagaz, porque a única forma de se curar das feridas de um coração mal cuidado, é plantar novas sementes. É se apaixonar de novo. O amor se cura com o amor.
Acordei suada, nervosa, agitada pelo pesadelo... Mas hoje à noite, vou dormir com um sorriso no rosto e a certeza de que a manhã seguinte será muito melhor... Melhor porque tenho você. Melhor porque sei que você vai ficar aqui.
Agora, quando penso no "eu não te amo mais", eu abro um sorriso... Porque, imediatamente, me lembro do seu "eu sempre te amei".
Peço desculpas desde já, pela quantidade de vezes em que vou ser incapaz de falar "estou errada" e pedir perdão, por puro orgulho. Peço desculpas pela minha falta de tato na hora de ouvir sobre os seus esportes favoritos, e pela minha mania horrível de sempre te apertar, só porque te acho uma delícia, em todos os aspectos possíveis. Peço desculpas pelas vezes em que vou deixar de dizer "eu te amo" só porque vou estar muito ocupada resolvendo problemas bobos do dia-a-dia. Peço desculpas, assim, no começo de tudo, pelas vezes em que vou ser desastrada a ponto de te machucar, só porque não tenho a menor noção de espaço... Peço desculpas pelos arranhões, pelos roxos, pelas coisas que eu vou derrubar, pelas horas que vou gastar caçando meus cartões na bolsa (você já detesta, eu sei), pela infinidade de gargalhadas indiscretas que sempre vão te envergonhar... Mas não peço desculpas por querer ficar. Não prometo ficar pra sempre do seu lado, não vou cair no erro de "prometer não desistir", mas prometo fazer o possível pra que você queira estar aqui. Obrigada por me fazer acreditar.
Seja como for, eu escolho não parar de amar... Escolho não desistir só porque tive o meu coração partido... E você? Vai tentar de novo ou o quê?

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