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segunda-feira, 16 de março de 2015

Chegar em casa era sempre a parte mais difícil...

Olho pra sala sempre bagunçada, pro banheiro que não tem mais o seu perfume e pra cama, que, agora, parece tão vazia... Outro dia acordei cedo, fiz um café meio amargo - até porque preparar o café era uma coisa que você costumava fazer - e coloquei os tênis de corrida, liguei na nossa música favorita e me abstraí do mundo, me perguntando por quanto tempo essa saudade ia me impedir de seguir em frente. Os caras do trabalho sempre me chamam pra sair e às vezes acabo me empolgando, tomo umas cervejas, dou em cima de algumas mulheres e na semana passada, trouxe uma delas pra casa. Transei com ela no sofá, porque mesmo bêbado, pensei em como você se sentiria se soubesse que coloquei outra garota na nossa cama. Acordei me sentindo um babaca, durante a transa inteira, pensei em você. Pensei em como você costumava ficar linda com o cabelo todo bagunçado e com o corpo suado, deliciosa. O pior de tudo foi acordar e dar de cara com a garota, vestindo a minha camisa e mexendo na nossa cozinha. Eu só queria que ela fosse embora e fiz o possível pra que ela notasse.
Dois dias depois, mesmo depois da forma como a tratei - e talvez, justamente por isso - ela me ligou, eu nunca atendi. Se essa não era a definição certa de cafajeste, então eu realmente não fazia ideia do que significava a essência dessa palavra. Me prendi dentro da minha redoma imaginária, impedi que qualquer mulher conseguisse entrar e as poucas que prendiam o meu interesse por mais de uma semana, raramente conseguiam chegar aos pés do que você costumava despertar em mim.
Foi na sexta à noite que tudo mudou. Te mandei uma mensagem, dessas bem longas, e juro que te conhecendo como conheço, sei que você me imaginou de joelhos, mexendo desesperadamente no cabelo, tão devastado quanto fiquei quando você me disse que não dava mais. Você não respondeu e, no mesmo dia, postou uma foto completamente linda com as suas melhores amigas. 
Já mencionei que odeio o quanto você é bonita?
Nesse mesmo dia, decidi que eu também merecia sair, talvez porque, no fundo, tudo o que eu mais queria era poder cruzar contigo... E cruzei.
Vocês estavam de mãos dadas, rindo de alguma coisa que eu provavelmente não acharia tão engraçado assim. Lembrei de você na minha cama, deitada como uma criança de cinco anos, gargalhando em alto e bom tom pra que todos os vizinhos pudessem ouvir e naquele momento, você parecia tão... Minha. Senti um nó na garganta que não soube explicar. Olhar pra você de uns tempos pra cá tinha se tornado algo desconfortável, mas olhar pra você nos braços de outro cara era de embrulhar o estômago.
Daquele dia em diante, decidi parar de te procurar. Decidi ser o cara imaturo que deleta das redes sociais e que faz questão de fingir que nunca foi parte da sua vida. Deslizei por várias vezes, te mandei mensagens e mensagens quando ultrapassei os limites do álcool e até cheguei a te ligar, só pra me surpreender com uma voz desconhecida - e grossa demais pra ser a sua - atendendo o seu telefone as 3 da manhã. Mas que porra você estava fazendo com outro homem no meio da noite? Chorei. Chorei muito. Eu não sabia o que era pior pra minha masculinidade, se era te ver me esquecendo tão rápido ou se era saber que eu não passava uma semana inteira sem chorar por sua causa.
Os meses foram passando, o seu novo relacionamento parecia muito mais sólido que o nosso. Com o tempo, fui te abandonando de maneiras que eu não achava possível conseguir. Eu não sabia mais o que se passava na sua vida, mas você fazia questão de tentar se manter viva na minha. Eu sabia que era posse. Sabia que você não me amava mais, mas que não queria que eu amasse qualquer outra pessoa. Tudo porque sempre soube que você não sabia lidar com qualquer tipo de emoção.
Oito meses depois, saí com uns amigos dos tempos de escola, eu já esperava que fosse ficar bêbado, o que eu não sabia era que naquela noite, a minha vida ia ser virada de pernas pro ar.
Cheguei no bar e não me dei ao trabalho de cumprimentar ninguém, pedi uma cerveja gelada e dei uma olhada descarada na loira que gargalhava no meio das amigas.
- Você podia ao menos disfarçar. - Olhei pro lado e senti que o meu coração estava prestes a sair do meu corpo.
- O que você tá fazendo aqui? - Você riu, brincando com o gelo dentro do seu copo.
- Não sabia que esse bar era seu. 
- Não é, mas cadê o seu namorado?
- Ex-namorado. - Puta merda. Foi exatamente isso que pensei quando te ouvi falar isso. Por cinco segundos, pensei que aquele fosse o nosso momento, mas logo depois senti um vazio que preencheu todo o meu corpo. - Eu senti a sua falta.
- Duvido muito disso.
- É verdade, eu juro... Eu só queria estar com você, não sei bem porquê, mas desejei tantas vezes que não fosse ele ali...
Foi aí que você fez o inimaginável... E que senti uma espécie de sentimento libertador que eu mal podia assimilar. 
O seu beijo não era o mesmo. O seu gosto não era mesmo. Olhar pra você já não era bom pra mim. 
Te deixei parada ali, em pé, com um copo vazio na mão e voltei pra casa.
Não sei exatamente em que momento a gente supera as pessoas, e não sei bem se aquele momento entre nós dois foi a epifania que eu precisava pra finalmente entender, mas sei que o tempo tem seu jeito - nem sempre fácil - de colocar pra trás tudo aquilo que nos impede de ir pra frente. Não me leve a mal, você foi incrível durante todo o tempo em que estivemos juntos, mas se provou inviável na minha vida nos meses em que ficamos separados. Hoje escrevo pra te dizer que tudo o que desejo pra você é a felicidade de um amor tão bom, puro e verdadeiro quanto o nosso. Pra te dizer que não sou mais o homem certo pra você. 
Espero que a vida tenha o prazer de te alimentar com sentimentos bons e com oportunidades incríveis, só eu sei o quanto você é talentosa em tudo que faz.
Duas semanas depois que te escrevi a minha última carta, eu conheci uma garota... Ela não é como você, mas talvez esse seja o ponto... De uma forma ou de outra, ela mexe com o meu coração...

Desde que ela apareceu, chegar em casa não parecia mais tão difícil assim. 

3 comentários:

  1. Primeiramente Parabéns pelo blog Anna. Confesso a voçê que perdir algumas horas do meu dia, lendo suas postagens, simplismente apaixonante. ;)

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  2. Primeiramente Parabéns pelo blog Anna. Confesso a voçê que perdir algumas horas do meu dia, lendo suas postagens, simplismente apaixonante. ;)

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