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segunda-feira, 23 de março de 2015

É só um mais um texto motivacional...

Uma vez me disseram que eu tinha que ser jornalista. Só porque, sabe como é, gosto de escrever e passo a maior parte do tempo me dedicando a isso. Ri de lado, sem graça, e disse "é, definitivamente vou pensar sobre isso", eu nunca mais cogitei essa ideia. As pessoas tendem a ter esse "pré-conceito" sobre tudo. Se você gosta de escrever, seja jornalista (porque é uma profissão com faculdade existente), você gosta desse cara? Ótimo, por que você não fica só com ele? (como se você não pudesse simplesmente gostar dele e continuar solteira) Sexo? Você gosta? Mas você fala sobre isso abertamente assim? Sem vergonha nenhuma? Sim. Falo.
Hoje de manhã acordei meio estressada, o normal pra alguém que se levanta às 5 da manhã numa segunda-feira, tomei um banho hiper gelado por causa do calor maluco (sim, vivo num lugar insuportavelmente quente) e me arrumei pra faculdade. No caminho, escuto a conversa paralela entre uma senhora e uma menina mais ou menos da minha idade. A moça gritava pra quem quisesse ouvir que o sexo era uma coisa demoníaca! Veja que absurdo uma moça jovem transar antes de se casar! Receita certa para ir direto para as chamas do Diabo! Senti vontade de interromper "minha senhora, eu não só vou pro inferno, como pretendo ir pra lá nessa sexta à noite, quantas vezes o cara conseguir me levar!". Não sei quem foi que disse que o sexo era uma coisa suja. Sim, pode ser, mas o sexo também pode ser doce. Não sei ao certo onde foi que escreveram que pra transar, você precisa estar comprometida. "Ah, foi naquele livro grande e pesado, sabe? Aquele que leem nas igrejas", e me pergunto, será que todo mundo consegue ser assim? Será que todas as pessoas deveriam fugir dessa necessidade carnal como se fosse algo vil? Será que há mesmo pessoas dispostas a seguir um livro de regras para se privar daquilo que as fazem felizes?
Certo dia, passei em frente ao cemitério perto do lugar onde eu costumava trabalhar, um senhor estava na porta, segurando o maior buquê de flores que eu já tinha visto na vida, o vi jogar tudo no lixo e reclamar logo depois. Com pena e um pouco angustiada, corri atrás dele, "Senhor, está tudo bem?". Naquele dia, conheci sua história de amor.
Ele me contou, entre muitas lágrimas, que sua mulher era uma mulher muito excêntrica. Ela não gostava de flores, pra ela, as flores representavam a beleza finita, porque, bem, as flores iam morrer. Ela não gostava de receber chocolates no dia dos namorados, pra ela, os chocolates representavam a felicidade passageira, o contato rápido entre o paladar e o sabor e ponto final. Depois ele me disse uma coisa que me arrancou uma risada totalmente inapropriada, "ela era tão maluca que me fez fazer amor com ela antes do nosso casamento, tudo porque não queria ouvir as ordens do padre da nossa igrejinha!". Nunca me senti tão próxima de alguém que já não estava mais nesse mundo. A verdade era que os prazeres podiam, sim, ser apreciados, valorizados, podiam vir com essências maravilhosas e com fitas brilhantes de cetim, mas o que realmente nos marcava, eram os sentimentos impostos com os atos de presentear, de dividir, de compartilhar, de se doar. Sorri com a frase do homem de idade porque percebi que ele havia dito "fazer amor", talvez pra não me ofender, ou até mesmo pra não ofender a memória do amor de sua vida que tinha acabado de escorregar por seus dedos, mas mesmo assim: fazer amor.
Na quinta feira passada, eu saí com um "amigo", um desses amigos que você gosta tanto que se depila e toma um banho digno de princesa antes de encontrar (tudo pelo enorme carinho, claro). Jantamos juntos, tomamos um porre e fomos pra casa dele. Não demorou nem trinta segundos depois que cruzei a porta pra que as mãos dele estivessem por todo o meu corpo, arrancando a minha roupa e me embolando os cabelos. Transamos a noite toda. Muito. Freneticamente. Acordei me sentindo nova, linda, feliz por toda a ocitocina liberada na noite passada. Percebam que eu disse feliz, linda, mas que em momento algum mencionei amada, ou realizada, sequer completa.
Não sou machista, acredito na liberdade da mulher e sei que todas nós somos merecedoras desse sentimento, o de se sentir livre, mas a visão é sempre permanente pra mim. O romance sempre vai superar o prazer (o que não nos impede de desfrutá-lo).
Então, pra finalizar, só quero dizer uma coisa: não sejam jornalistas. Permitam-se ser escritores. Não se contentem somente com o prazer da ideia de uma carreira, ou com o prazer por si só, o sexo é maravilhoso, o orgasmo é incrível, mas não existe nada melhor do que atingir o ápice com quem a gente ama. O sexo e a profissão são meros exemplos. Isso vale pra tudo na nossa vida. Contentar-se com valores, preços, com o físico, aquilo que nem mesmo podemos sentir em nossos corações, é como ser como aquele jogador de futebol que nunca faz o gol, como aquela cantora que nunca consegue desfrutar das notas mais altas ou como aquela bailarina que jamais fez uma performance sozinha... Estamos sempre perto daquilo que amamos, mas nunca próximos o suficiente para poder chamar de "conquista".



2 comentários:

  1. Perfeito Luiza, perfeito!! Ontem mesmo fui dormir tarde pensando nisso, ou melhor refletindo sobre tudo isso. E o que me deixa mais frustada é que a cada dia que se passa, a cada criaça que nasce, a cada educação que vem a ser passada de geração por geração, é essa: que se você tem um dom pra certo tipo de coisa, você tem que seguir uma "área" promissora (financeiramente) nisso. E pensando nisso ontem, também me veio na mente o quanto ainda existe tabus no mundo, sobre certas profissões e até mesmo, escolhas pessoais (como sexo casual). E lê textos assim como o seu, me faz pensar um pouco mais positiva.
    Tomara que seu texto alcance um pancadão de gente! Hahahah Mil beijos, sucesso!

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  2. Caramba, que texto. Ótima escrita, prende do início ao fim. Adorei seu jeito de escrever e expressar. Já está nos favoritos.

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