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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Você

Por muito tempo pensei no que escrever, pensei em amor, em karma, pensei no prazer de te ter de novo, mas sabe o que finalmente me deu motivação? A sua ausência. Sei o que você pensa de mim, sei que mesmo com esses olhos brilhantes e negros, você tambem mente, mas não estou disposta a ficar... Não esta noite. Não posso me entregar, não posso expor as minhas cicatrizes, não depois de tanto protegê-las e, amor, sinto muito, mas não vou... Perdi tanto tempo tentando te deixar pra lá, me concentrando nos copos de vodka, na brisa fresca da erva e nos beijos sem rosto e calor... E tudo pra que? Pra voltar pro ponto de partida? Pra voltar pros seus braços como se eles nunca tivessem me empurrado pra longe...? Perdi tantas noites, tantas vidas, tantos amores, perdi aquilo que mais lembrava você... Tudo por medo. Pra que tentar ficar amigos sem rancor? Não, não posso ficar, meu amor. Não posso ter que te deixar de novo... E ela. Depois de tanto tempo sem você, ainda preciso te deixar voltar pra outra? Prefiro me lembrar das noites em claro, me desfazendo contra o seu corpo, sentindo o calor da sua presença e o amor dos seus olhos... Prefiro me lembrar das brigas, das lágrimas e dos gritos, prefiro me deixar ficar. Me prendo a nosso antigo amor, aquele que da mesma maneira que nos preencheu, nos exilou... Nos expulsou de nossos corpos e nos permitiu ir. Sei que pra você, meu sorriso é um convite e também entendo que pra nós, não existe mais um "outra vez", nossas chances já se esgotaram... Mas é tão errado assim olhar pro futuro e me ver apaixonada por você de novo? Você nunca mais me procurou, tentei não respirar, mas foi impossível não pirar... Te procurei por tanto tempo, te amei com tanta força, mas ainda assim, amor, você nunca mais voltou... Por que agora? Por que nessa hora? Pra me ver sofrer? Me fazer pagar por meus pecados? Ah, amor... Não posso mais ficar, não posso mais me preencher de você, nossos corpos imploram um pelo outro, mas nossas almas se recusam a nos deixar ultrapassar as barreiras emocionais... Sei que você gosta de pensar que é um cara solitário, uma alma independente, e que gosta de achar que não precisa de mim, mas você é tão viciado nesse amor quanto eu... De todas as drogas que já provei, seu amor é a que mais me desgastou, a que mais me fissurou, e de olhos penetrados, a que me mas me depravou... Depois de tudo, depois de tanto tempo... E eu rezei tanto por isso, pedi tanto pra te ter de novo, quem diria, meu amor, quem diria que um dia estaria abrindo mão de você... Fecho os olhos e sei que você quer voltar, sei que preciso te deixar entrar, mas a porta não abre, a chuva não para, a tempestade não se esvai. Você grita, depois aparece na janela, sorrindo pra mim de um jeito diferente, quase selvagem... Ainda assim, não vou te deixar entrar. Não posso me permitir. Fecho as cortinas e subo as escadas, me tranco no quarto e me isolo.
Esperando pelo dia em que você vai ter as chaves da casa... Esperando pelo dia em que você vai entender que ela nunca esteve realmente trancada.
Te vejo e você sabe que te desejo, mas desde quando, amor, desejo é sinônimo de desespero?

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